tag:blogger.com,1999:blog-17177576206428564282024-02-20T00:53:57.225-08:00senso e incensoDe mim para mim somente. Inequivocamente.eu, que nada seihttp://www.blogger.com/profile/16214628509862691953noreply@blogger.comBlogger20125tag:blogger.com,1999:blog-1717757620642856428.post-54822196056903634042010-12-29T04:01:00.000-08:002011-02-18T17:46:44.556-08:00Que sejas o meu Tempo<div align="justify"><br />Olhava em desespero para o pulso, enquanto sorvia compulsivamente o leite e quase se engasgava. Saia sempre àquela hora de casa. Todas as manhãs arriscava estatelar-se escadas abaixo, mas insistia em saltar de uma só vez o maior número de lanços possível. Uma hora de autocarro e 12 longas horas de trabalho solitário, cáustico, maquinado e desumano era para o que ela corria. Todos os dias.<br />A noite acompanhava-a de retorno a casa, derrotada. Olhava sempre para o relógio a fim de aferir o tempo que tinha para ela própria. Dava de comer ao gato e fazia-lhe um par de festas fugidias antes de correr para o banho e vestir o pijama. Accionava o despertador para a manhã seguinte e via, amorfa e desligada, minutos de novela antes de adormecer.<br />Tinha uma vida insípida e sem valor, mas nunca havia parado para pensar nisso. Não tinha tempo. Os seu olhos eram serviçais daquele seu relógio de pulso, tão gasto e exaurido quanto ela. Nada mais a movia, a não ser aquela ideia louca de desdobrar o tempo em mais tempo.<br />Certo dia, a rigidez com que ela planeava tudo estalou que nem vidro. Ao fim de tantos anos, o cansaço fê-la esquecer de substituir as pilhas do seu despertador e placidamente dormiu pela manhã fora, até os raios de sol romperem pelo seu quarto adentro.<br />Antevia-se um grito estridente e mãos levadas à cabeça quando ela acordasse, mas aconteceu o oposto.<br />Olhou para o relógio e sorriu ainda meia ébria do longo sono de que acordara. Caiu em si. Concebeu logo ali a sólida crença de que o tempo era afinal seu, enquanto roía as unhas em alvoroço e soltava risinhos nervosos. O coração saltava do peito e o ar que respirava quase não lhe cabia nos pulmões. Afinal, havia perdido tanto tempo a tentar multiplicar o seu tempo, quando apenas o devia ter usado para si.<br />Sentiu que mundo lá fora gritava por notoriedade, e desta vez ela não o ia desapontar. Porque nunca tinha parado para ver a areia escorrer por entre os seus dedos; porque nunca tinha sentido o afagar do sorriso de alguém desconhecido, apressou-se a vestir-se. Deu de comer ao gato, e saiu.<br />O relógio ficou para trás. </div>eu, que nada seihttp://www.blogger.com/profile/16214628509862691953noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1717757620642856428.post-23528128645429195492010-06-18T05:00:00.000-07:002010-06-18T05:06:54.727-07:00Pensando...Ando a pensar "re-pegar" neste blog, apesar de não lhe ter "pegado" muito in the first place. <br /><br />Assumo que do pensar "re-pegar" ao "repegamento" propriamente dito vai muito, mas já é uma vitória ter-me lembrado da palavra-passe! Hahaha!<br /><br />Até já :*eu, que nada seihttp://www.blogger.com/profile/16214628509862691953noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1717757620642856428.post-42239280532238232582009-11-09T13:00:00.000-08:002010-03-15T14:01:27.604-07:00Permito-me sonharLembro-me bem de ser criança, de sair de casa sozinha rumo ao desbarato do campo. Tudo me entretinha. As plantinhas que airosamente se abanavam na brisa, os caracóis engalfinhados uns nos outros, os pássaros a regatear larvas, aquele cheiro da terra doce e intenso. Chegava a casa completamente encardida. Muitos eram os abanões de reprimenda da minha avó enquanto me esfregava o cabelo empastado com shampoo, mas eu sabia que de noite ia ser envolvida pelos seus ternos braços… e tudo era tão simples.<br /><br />Agora os pássaros já não páram no parapeito da minha janela, e nunca mais fui passear sozinha. Agora há homens maus, mulheres ainda piores, e criancinhas estupidificadas pelo mimo, às quais eu punha qualquer coisa pela goela abaixo na ânsia de as calar – mas não posso! Arggghhhhhhh, raios!<br /><br />Sonho pelo dia em que tudo seja simples de novo: que os maus sejam castigados, que os bons ganhem caramelos e bombocas, e que tenha sempre mil e uma prendas debaixo da árvore de Natal. E animais. Quero muitos!<br /><br />Esta vida é frenética. Eu só queria que fosse simples.eu, que nada seihttp://www.blogger.com/profile/16214628509862691953noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1717757620642856428.post-76681512014843371942009-10-05T11:20:00.000-07:002009-10-05T11:24:42.826-07:00D'oh!!!<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUhDmDVguoTYKYiDZRHlkmsvDa2QpPZq0V-RrSQRe8hzWYNP5qVzxZpFFYir036RVRMKqvKWOrKsgwiyFpJIxNEMB3_tqYCy8346tkWG73Cr2Fr0C1ZMWt6_2-ryDjDfMQFcc2_jpp8Qzx/s1600-h/PA040138.JPG"><img style="WIDTH: 313px; HEIGHT: 241px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5389182980601453826" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUhDmDVguoTYKYiDZRHlkmsvDa2QpPZq0V-RrSQRe8hzWYNP5qVzxZpFFYir036RVRMKqvKWOrKsgwiyFpJIxNEMB3_tqYCy8346tkWG73Cr2Fr0C1ZMWt6_2-ryDjDfMQFcc2_jpp8Qzx/s320/PA040138.JPG" /></a><br /><div> </div><div>Homer Simpson got nothin' on me!</div><br /><div></div><br /><div></div>eu, que nada seihttp://www.blogger.com/profile/16214628509862691953noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1717757620642856428.post-26423663444935167682009-09-17T14:27:00.000-07:002009-09-25T12:51:37.292-07:00O desengano impera hoje<div align="justify"></div><div align="justify">Foi um daqueles dias no trabalho… atropelos, contratempos, desastres! Ao tumulto exterior some-se-lhe o desassossego interior e <span id="SPELLING_ERROR_0" class="blsp-spelling-error">ei</span>-lo: dilúvio do ego!<br />Estive prestes a esbarrar num estado de <span id="SPELLING_ERROR_1" class="blsp-spelling-error">psico</span>-compulsão <span id="SPELLING_ERROR_2" class="blsp-spelling-error">profissional</span> (isso existe?) e ao longo do dia nada mais me passou pela cabeça senão a ideia de devorar meia dúzia de <span id="SPELLING_ERROR_3" class="blsp-spelling-error">hambúrgueres</span> e chutar todo e qualquer calhau – vivo e não-vivo - que se atravessasse no meu caminho!<br />Já no rescaldo do dia, enquanto rumava (e praguejava) a caminho de casa na incessante busca dessa tal de calma interior (que devo ter perdido algures entre o banho e o pequeno almoço), comecei a abrandar o passo e pude finalmente perceber que a minha respiração acalmava e que o coração já tocava a sua velha melodia do desafogo. <span id="SPELLING_ERROR_4" class="blsp-spelling-error">Tra</span>-lá-lá… <span id="SPELLING_ERROR_5" class="blsp-spelling-error">Troilará</span>…<br />A poucos metros de casa já eu esboçava sorrisos mentais e suspirava de alívio; quase que ouvia o batucar dos meus pés na calçada e quase quase que jurava dançar ao seu ritmo.<br /><br />Chego a casa e vejo na TV que morreram 7 miúdas num acidente <span id="SPELLING_ERROR_6" class="blsp-spelling-corrected">estúpido</span> em Penafiel! Tudo estragado! </div>eu, que nada seihttp://www.blogger.com/profile/16214628509862691953noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1717757620642856428.post-6062276957091901912009-09-13T14:08:00.001-07:002009-09-13T15:55:52.060-07:00Ela...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGMf-bmOf37J5FKLYNKBDdkZLaJerFIlETvRDOuF8onuO5-le2EWGjIfnaydL0zcZtqGWRH8lbE1iOW8NR4O8VrsunB1ExCTbP_y-qiK0dwRS9Ztx2qNq0rNt3q_E1aQUHMTLM6iLdVYsx/s1600-h/avo_praia.jpg"><img style="WIDTH: 75px; HEIGHT: 49px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5381088543265849122" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGMf-bmOf37J5FKLYNKBDdkZLaJerFIlETvRDOuF8onuO5-le2EWGjIfnaydL0zcZtqGWRH8lbE1iOW8NR4O8VrsunB1ExCTbP_y-qiK0dwRS9Ztx2qNq0rNt3q_E1aQUHMTLM6iLdVYsx/s200/avo_praia.jpg" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3rN-7-si0beFx4cVmfmNJfAkYOHGAb-FpFqs5iovTxkxsmEPgKaCHq_-S3fDBe4-7R-yh-jTUdsV0dAbY5H-yDYL4BYIj5DkIHbi6ETuccibwrvQQOhRP-iUhx8EB0b0L9Wflv0yZwfnJ/s1600-h/avo_praia.jpg"></a><br /><br /><div>Mão trigueira de redenção e perseverança<br />Que nunca resigna, mas nem sempre alcança.<br />Crente e determinada, qual espada<br />Batalhando todo o dia, por um dia<br />Acender chamas e reavivar ganas<br />Em mim. Por mim.</div><br /><div></div></div>eu, que nada seihttp://www.blogger.com/profile/16214628509862691953noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1717757620642856428.post-47775833024953748072009-09-10T13:26:00.000-07:002009-09-15T09:34:42.952-07:00Tutorial sobre redenção da alma<span style="font-size:180%;"></span><br /><br /><span style="font-size:180%;"><a href="mailto:F#@$-se">F#@$-se</a>!</span><br /><br /><span style="font-size:130%;">Pronto, disse-o... muito melhor agora!</span><br /><br />Nota: mais eficaz se acompanhado de violência física efectiva*.<br /><br /><br /><br />* contra pessoas**<br /><br /><span style="font-size:78%;"><span style="font-size:85%;">**</span> estúpidas.</span><br /><span style="font-size:78%;"></span><br /><span style="font-size:78%;"></span><br /><br /><span style="font-size:78%;"></span>eu, que nada seihttp://www.blogger.com/profile/16214628509862691953noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1717757620642856428.post-456205643986542512009-09-07T13:20:00.000-07:002009-09-08T14:45:25.781-07:00Lá, onde me aguardam<div align="justify"><span style="font-family:arial;">Pega nas tuas coisas; vem leve. Traz só o que necessitas e <span id="SPELLING_ERROR_0" class="blsp-spelling-corrected">desapareceremos</span>. Sem rasto rumaremos perdidos… tão livremente errantes.<br />Deixa-os vir também: a <span id="SPELLING_ERROR_1" class="blsp-spelling-corrected">dor</span>, o agravo e a redenção. Hoje tudo importa e nada interessa. Somos todos farinha do mesmo estúpido saco.<br />Acelera! Pelo espelho retrovisor vamos ver o mar e as colinas emaranhados tal qual odes triunfais a quem nos fez brotar da mesma terra. E desaparecerão. Como fumo.<br />Nuvens eclipsam-se na nossa face e a liberdade está a um bater de asa. Se alguém houver que não queira vir, não lamento por ele, pois verá a seu tempo o que <span id="SPELLING_ERROR_2" class="blsp-spelling-corrected">contemplaremos já hoje</span>. Limpo. Solto.<br />... Enquanto a brisa me eleva rumo ao meu destino final, olho para paredes translúcidas e vejo para além de <span id="SPELLING_ERROR_0" class="blsp-spelling-error">borralhos</span> e <span id="SPELLING_ERROR_1" class="blsp-spelling-error">lamaçais</span>. Seremos muitos e predestinados; devolvidos à nossa essência, gritaremos em <span id="SPELLING_ERROR_4" class="blsp-spelling-corrected">uníssono</span> PAZ!<br />Vês? Vês para além?<br />Bem te disse para trazeres pouca bagagem…</span></div>eu, que nada seihttp://www.blogger.com/profile/16214628509862691953noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1717757620642856428.post-75215313260980357442009-08-29T06:13:00.000-07:002009-08-29T06:14:32.729-07:00Gripe ARECUSO-ME a falar sobre esta questão!eu, que nada seihttp://www.blogger.com/profile/16214628509862691953noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1717757620642856428.post-55115400636415327132009-08-21T15:12:00.000-07:002009-08-24T13:29:50.677-07:00EsplanadaTodos os Sábados lá iam os dois beber cerveja fresca e ratar uns amendoins em clima de amizade e humor desenfreado.<br /><br />Entoava ela, meio ébria, enquanto se erguia da cadeira e elevava a sua caneca em jeito de discurso:<br /><em>- Queres criatividade? Pois bem… criatividade é o que te vou dar a conhecer, tal qual poeta ávido de chorar memórias de intrínseca existência em velhas folhas esquecidas por entre ratazanas, pó e anos de eterna solidão e suplício…<br />Não vou permitir que esta tristeza que me aprisiona por entre ténues barras de metal, que formam o cárcere desta minha pequena - porém conturbada - vidinha, estraguem este belo momento de confraternização entre irmãos! É um momento único, porque raro, que se deve aproveitar até ao fim…<br /><br /></em>E rematou com um sorriso de satisfação:<br /><em>- Definição de fim: essa bela localidade lá dos confins do recôndito, onde se situa o tutano de tudo!<br /><br /></em>Ele retorquiu, por entre gargalhadas:<br /><em>- e se te calasses?</em>eu, que nada seihttp://www.blogger.com/profile/16214628509862691953noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1717757620642856428.post-64486548067237935912009-07-02T14:26:00.000-07:002009-07-02T14:36:12.125-07:00A pomba<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGEa51vtZftdf2A_Q5rSTBy0XoVkEOk8pjRKszjV0ceN8eg3WUKBqgtKF2Fuf5ufVHb9JMY0ojcmkIVWdnrkAxrV_CpjSYiYSSio9blv1XS6d1c1_SUDf6SuClG2WJP0J3Jk1sFLBe-mr9/s1600-h/P4250173.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5353979299294053362" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 128px; CURSOR: hand; HEIGHT: 95px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGEa51vtZftdf2A_Q5rSTBy0XoVkEOk8pjRKszjV0ceN8eg3WUKBqgtKF2Fuf5ufVHb9JMY0ojcmkIVWdnrkAxrV_CpjSYiYSSio9blv1XS6d1c1_SUDf6SuClG2WJP0J3Jk1sFLBe-mr9/s200/P4250173.JPG" border="0" /></a><br /><div>Queria tanto ser como ela!<br />Formosa e distinta num parapeito de janela…<br />Ora a debicar umas migalhitas,<br />Ora a cagar na cachola dos que a aborrecem.</div>eu, que nada seihttp://www.blogger.com/profile/16214628509862691953noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1717757620642856428.post-62589841476563210582009-07-02T13:54:00.000-07:002009-07-07T14:20:28.158-07:00Sinto a tua faltaÀ noite<br />Ergue-se timidamente.<br />Mais que humana<br />Corrosiva e lacerante.<br />Esta saudade de ti<br /><br />Nada se edificou<br />A não ser o devoluto.<br /><br />Sem ti sou…<br />O branco ostensivo<br />O copo vazio<br />O eco, eco, eco, eco…<br />a bagatela.<br /><br />Sinto a tua falta.<br />E é só isso o que sinto.eu, que nada seihttp://www.blogger.com/profile/16214628509862691953noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1717757620642856428.post-43104022031575094052009-03-26T15:57:00.000-07:002009-03-27T05:55:44.488-07:00Muito para além II<div align="justify"><br /><br /></div><div align="justify">… Superar a aridez dos desertos da alma e convertê-los em jardins frutados. É esse o caminho que ela trilha. </div><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGF_zsMD2yel71gYh3sh3xjNltDt1RhQOsBSj2E18vLLXNVkIIEJdOZhoQTwQP009gBimzzA26YJ-VvW2YplNJ38ZUhTH7z47NhzZ6p2F5ey4gxkiRNNPpILTCRJhyphenhyphenx306ibXwc9UQ9my7/s1600-h/beach.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5317634900976032706" style="WIDTH: 104px; CURSOR: hand; HEIGHT: 121px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGF_zsMD2yel71gYh3sh3xjNltDt1RhQOsBSj2E18vLLXNVkIIEJdOZhoQTwQP009gBimzzA26YJ-VvW2YplNJ38ZUhTH7z47NhzZ6p2F5ey4gxkiRNNPpILTCRJhyphenhyphenx306ibXwc9UQ9my7/s200/beach.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div align="justify">Naquele dia nasceu um sol mais vigoroso que nos outros. Ela saltou da cama de rompante, algo que já não acreditava ser novamente possível – tantos, tantos meses passados em letargia! – , e lá correu desalinhada até à porta de casa. Parecia saber!<br />Deixou-se cair prontamente de joelhos e abriu um pedaço mal-enjorcado de papel que tinha esgravatado freneticamente lá na frincha da porta. Algures nos borrões encarquilhados os seus olhos agitados puderam ler:<br /><br />"Por tantas vezes falámos, por tantas vezes desaparecemos uma da outra… Não sei se é desse perfume que nunca cheirei ou desses braços emagrecidos pelas dores da vida que nunca me abraçaram, mas sinto a tua falta. “<br /><br />“Oh, diabos!” – pensou ela de sobrolho franzido, quando notou que o bilhete não estava assinado...</div>eu, que nada seihttp://www.blogger.com/profile/16214628509862691953noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1717757620642856428.post-30679428976262520232009-03-23T18:30:00.000-07:002009-03-23T18:32:26.546-07:00DESEJOS<div align="justify">Correm pelos veios das montanhas…<br />Embatem contra monumentos, estatelam-se em rochas.<br />Cabelos esvoaçam e estilhaçam,<br />Relincham dor – tanta história por aleitar!<br />Choram mentes e mudanças!<br /><br />Sempre os ouço… não me dão paz.<br />Falam-me de margens além, caminhos que não consumi.<br />Anos passam e eu só fixo o que lá vem,<br />Parto espelhos e não me revejo, só vejo e anseio.<br />Invoco demónios e os planos que me reservam!<br /><br />O espectro que nasceu deste meu regaço<br />Extravasou sonhos megalómanos,<br />Forças que não retenho;<br />Que não me captam, mas que magnetizam.<br />Laceram a tal ponto – quero evadir!<br /><br />Repudio o viver. Desejo horizontes!<br />O meu último reduto é agigantar o que cá trago...<br />Ser mais que dois pés no solo comum. Emergir.<br />Almejo ser ferro e pedra, mas muito mais…<br />Quero ser o lar da mais bela das obras!<br /><br />Ânsias que são; são as que não me assistem<br />Chegarei lá um dia, se os ventos me ajudarem<br />Quem sabe, sozinha… quem sabe, comigo.<br />Até lá procuro-me<br />E não me encontro.</div>eu, que nada seihttp://www.blogger.com/profile/16214628509862691953noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1717757620642856428.post-17544852422902483552009-03-07T11:14:00.000-08:002009-03-07T11:34:22.605-08:00Só hoje...<br /><br /><br />Meu anjinho da guarda…<br /><br />Hoje não te peço forças para amarrar a cabeça e abrandar a carne. Hoje (e só hoje) desprezo a ânsia de ser ferro… e com brio te digo que hoje (e só hoje) nada tenho a pedir-te.eu, que nada seihttp://www.blogger.com/profile/16214628509862691953noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1717757620642856428.post-91732608972462829412009-03-02T17:36:00.000-08:002009-08-24T09:43:08.669-07:00Ser eu!Bom é ser eu.<br />Bom é saber que barcos e barcos passaram pelas águas intempestivas da minha alma e que mesmo assim encontraram quietude no pontão deste meu corpo desmazelado. É bom saber que não mudei. Saber que me erigi ainda mais forte, de faca em punho e rosa na lapela, pronta para travar mais uma contenda. Saber que amigos só tenho os que tenho (e não os que julguei ter). <br /><br />Bom é ser eu.<br />Reconhecer que neste meu sangue fervilham valores que me foram passados pelos meus mentores, alguns dos quais desvirtuados pelas chagas da vida; outros tantos nascidos das mesmas mazelas. Bom saber que aprendi tanto. Aprendi que muitas vezes me perdi, mas que encontrei o meu caminho. Muitas vezes caí e tantas outras me levantei. Nem todo o rio que tentei atravessar me deu tréguas; nem toda a porta que tentei abrir me mostrou o outro lado. <br /><br />Bom é ser eu.<br />Bom é esperar que a tempestade acalme no meu coração impetuoso e irascível… e ver que afinal sou cordeiro terno e sadio. Saber que trago em mim uma força pronta a brotar de cada vez que me pisam a mão do afecto, chacoteiam da minha natureza, ou me ferem o orgulho! Saber sarar-me desde os <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">interstícios</span> do meu ventre aos pequenos e atolados quartos da minha emaranhada cabeça. Sorrir de cada vez que coloco gaze no meu ego… e acreditar uma vez mais!<br /><br />Bom é ser eu.<br />Bom é saber que afinal não lançaram mal os dados da minha existência! Aprendi que a minha tristeza é ténue e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">escorreita</span>, que a minha alegria é fugaz e vigorosa, e que não passo sem nenhuma das duas! Aceitei finalmente que sou humana. E lá porque por vezes me perco, não quer dizer que esteja perdida…<br /><br />Bom é poder arregaçar as calças, entrar nas frias águas de mais um rio… e novamente desafiá-lo com toda esta minha delicada, porém infatigável Humanidade.eu, que nada seihttp://www.blogger.com/profile/16214628509862691953noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-1717757620642856428.post-31700203382069659522009-02-28T15:50:00.000-08:002009-02-28T15:53:21.866-08:00Adeus......<br /><br />Caí. Espalhei-me em pérolas vivas<br />Agitadas no chão frio do teu quarto.<br /><br />Morri. Alva e desesperada<br />De não saber como me enterrar.<br /><br />Chorei. Por absolvição<br />Quis unir os pontos e ver por trás<br /><br />Algo me ardeu e não me apagou<br />Queixei, mas não resolvi<br /><br />Comi meio planeta…<br />Não ganhei meio pão.<br /><br /><br /><br />Desculpa-me, mas vou embora.eu, que nada seihttp://www.blogger.com/profile/16214628509862691953noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1717757620642856428.post-1036475076575125882009-02-16T14:47:00.001-08:002009-02-16T14:52:38.679-08:00Muito para além<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgh4gd-0ugWRF3Gw3Yj3Dd1vEAP_NLY-8WitWzkQLnz_gJjL3i7R1YbuuzN5Qopkae12iiFJDKOhsWnTgX00kyxvCiw9clxEdZs6j3-2ZymCyqe9hyphenhyphenh8oWVDQtfTw4kBvx3iQcJ0st1Nsx0/s1600-h/beach.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5303531358241121202" style="WIDTH: 116px; CURSOR: hand; HEIGHT: 142px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgh4gd-0ugWRF3Gw3Yj3Dd1vEAP_NLY-8WitWzkQLnz_gJjL3i7R1YbuuzN5Qopkae12iiFJDKOhsWnTgX00kyxvCiw9clxEdZs6j3-2ZymCyqe9hyphenhyphenh8oWVDQtfTw4kBvx3iQcJ0st1Nsx0/s200/beach.jpg" border="0" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoeW82QT0JPI2IKEqwPrJW3yDqb3aMfj2354-RcV7fOp3Sgx66fsbhucusefUGYQ5Z0q8ojQn5sYs-kRiVCVGl0_nTI5dYUJ6nklU3YRFUXSjdYedpb4dB884BpD6vNrA0s33vl4VTH_e6/s1600-h/beach.jpg"></a><br /><br /><div>E lá se lançou na derradeira Busca, certa de que nada construiu na insipiência de tantos anos passados. A mochila gasta e velha às costas é tudo o que alguma vez teve… e acredita ela que é só do que precisa.<br />Muito para além ela sabe que encontrará o seu caminho.<br /><br />… de tal maneira, que jamais retornará.</div></div>eu, que nada seihttp://www.blogger.com/profile/16214628509862691953noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1717757620642856428.post-84495531331072326072009-02-15T14:09:00.000-08:002009-03-20T06:14:37.227-07:00O ano que se avizinha<div align="justify">Nas vésperas de mais uma passagem de ano sento-me junto ao aquecedor, envolta em pensamentos...<br />Existe em mim, como em qualquer comum mortal, a vontade de arremessar para trás as más memórias do passado e passar uma borracha sobre tudo o que fiz (ou creio ter feito) de errado no ano anterior.<br />A 12ª badalada será o deadline para a metamorfose da minha essência. “Começar da estaca zero, Rossana”, lá me forço a lembrar repetidas vezes.<br />Vou perdoar as palavras e actos que me feriram e vou tolerar o meu próximo, até aquele cujas atitudes me enfastiam ou então aquele outro fulano cujas atitudes me revoltam. O eterno e sempre em voga cliché do “vou ser melhor pessoa”…<br />As arrelias familiares, os amigos perdidos, os falhanços sentimentais, a nota que falta no bolso, o carro que avaria em plena via rápida… São tudo partes integrantes desta minha vida, enfim esta vidinha que é a de toda a gente. Culpar-me ou, ao invés, arranjar bodes expiatórios para os problemas quotidianos não me vai aliviar a mágoa nem tão pouco recolher-me as lágrimas dos olhos. Há que resignar sorrindo… são os ossos deste ofício.<br />Para o ano vou olhar-me ao espelho e entender que cada sarda está no sítio onde deve estar, que o nariz mastodôntico ainda podia ser maior, que não sou o que visto e muito menos o que os outros pensam de mim, que a minha estatura não me foi atribuída de modo algum em proporção do meu valor…<br />Para o ano vou deixar para trás a ideia de insignificância pessoal, aprender a ser isenta de complexos, ser LIVRE… deixar andar, calmamente...<br />Aceitar sem vergonha o meu jeito de ser, ora fechado e espinhoso, ora dado e dócil… aceitar sem revolta nem rancor o facto de que uns gostam de mim e de que outros nem por isso. Entender que nem sempre os dados caem a meu favor, mas acreditar fervorosamente que um dia vão sair os meus números.<br /><br />Aceitar… Tolerar… Perdoar.<br /><br />Tal como toda a gente, enfrento diariamente esta luta que é vida, a eterna dicotomia entre o esperançar ou esmorecer, estilhaçar e colar, claudicar ou batalhar, sucumbir ou renascer… mas só nas vésperas de passagem de ano é que dou realmente o “salto de fé”.<br /><br />Só nas vésperas de passagem de ano é que penso para comigo “desta vez é que é, esta noite eu vou mudar.”</div>eu, que nada seihttp://www.blogger.com/profile/16214628509862691953noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1717757620642856428.post-31304508396280728592009-02-14T09:01:00.000-08:002009-02-14T09:13:45.582-08:00Maçãs<span style="font-family:times new roman;font-size:85%;"></span><br /><div align="justify"><span style="font-family:times new roman;">Não quero que seja tarde de mais<br />Poder bater a asa e chegar lá<br />Sem mágoa ou ferida aberta<br />Regada com álcool na garganta para fluir<br />E dizer o que cá nasce,<br />Não tapar com pá<br />Porque o vento sempre descobre,<br />E eu não quero ter frio.<br /><br />Meu amigo…<br />Tenho um regaço grande<br />Bem ajeitadas cabem lá 20 maçãs.<br />E das grandes!<br />O coração quer dar o que a cabeça não deixa<br />… Bom, mas isto comigo é à vez:<br />Hoje ganha o coração!<br />… Amanhã perde a cabeça.<br /><br />Come esta maçã. Há mais, se quiseres!<br /><br />Um velho saco no chão.<br />Incrível o que as gentes deitam fora!<br />Nele cabe tudo o que me derem:<br />Família, amigos, amores e… maçãs.<br />Confesso…<br />Gosto de ti. Lembras-me pinhões.<br />Sei lá por quê! Porque sim… ora!<br />Acomoda-te mas é no meu saco.<br /><br />… E come esta maçã. Há mais, se quiseres!<br /><br />Contigo do meu lado, sede e fome silenciam.<br />Não sinto frio ou calor.<br />Receio nada!<br />Sei que os girassóis são flores…<br />e que estas maçãs são vermelhas.<br />Nada mais interessa.<br />… E sou finalmente eu!<br /><br />Não quero que seja tarde de mais<br />Poder bater a asa e chegar lá<br />Sem mágoa ou ferida aberta<br />Regada com álcool na garganta para fluir<br />E dizer o que cá nasce,<br />Não tapar com pá<br />Porque o vento sempre descobre,<br />E eu não quero ter frio.</span></div>eu, que nada seihttp://www.blogger.com/profile/16214628509862691953noreply@blogger.com4