domingo, 15 de fevereiro de 2009

O ano que se avizinha

Nas vésperas de mais uma passagem de ano sento-me junto ao aquecedor, envolta em pensamentos...
Existe em mim, como em qualquer comum mortal, a vontade de arremessar para trás as más memórias do passado e passar uma borracha sobre tudo o que fiz (ou creio ter feito) de errado no ano anterior.
A 12ª badalada será o deadline para a metamorfose da minha essência. “Começar da estaca zero, Rossana”, lá me forço a lembrar repetidas vezes.
Vou perdoar as palavras e actos que me feriram e vou tolerar o meu próximo, até aquele cujas atitudes me enfastiam ou então aquele outro fulano cujas atitudes me revoltam. O eterno e sempre em voga cliché do “vou ser melhor pessoa”…
As arrelias familiares, os amigos perdidos, os falhanços sentimentais, a nota que falta no bolso, o carro que avaria em plena via rápida… São tudo partes integrantes desta minha vida, enfim esta vidinha que é a de toda a gente. Culpar-me ou, ao invés, arranjar bodes expiatórios para os problemas quotidianos não me vai aliviar a mágoa nem tão pouco recolher-me as lágrimas dos olhos. Há que resignar sorrindo… são os ossos deste ofício.
Para o ano vou olhar-me ao espelho e entender que cada sarda está no sítio onde deve estar, que o nariz mastodôntico ainda podia ser maior, que não sou o que visto e muito menos o que os outros pensam de mim, que a minha estatura não me foi atribuída de modo algum em proporção do meu valor…
Para o ano vou deixar para trás a ideia de insignificância pessoal, aprender a ser isenta de complexos, ser LIVRE… deixar andar, calmamente...
Aceitar sem vergonha o meu jeito de ser, ora fechado e espinhoso, ora dado e dócil… aceitar sem revolta nem rancor o facto de que uns gostam de mim e de que outros nem por isso. Entender que nem sempre os dados caem a meu favor, mas acreditar fervorosamente que um dia vão sair os meus números.

Aceitar… Tolerar… Perdoar.

Tal como toda a gente, enfrento diariamente esta luta que é vida, a eterna dicotomia entre o esperançar ou esmorecer, estilhaçar e colar, claudicar ou batalhar, sucumbir ou renascer… mas só nas vésperas de passagem de ano é que dou realmente o “salto de fé”.

Só nas vésperas de passagem de ano é que penso para comigo “desta vez é que é, esta noite eu vou mudar.”

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